segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Virgem da Hungria

Romance de Étienne-Léon Lamothe-Langon, escritor francês nascido no final do século XVIII. A Virgem da Hungria é também chamada de "o vampiro" ou "a mulher vampiro"; se parece muito com os relatos da ocultista Helena Petrovna Blavatsky, que pretendem ser baseados em "casos reais", ou no folclore de algumas regiões do leste europeu - Hungria, mais precisamente.

Na introdução, o escritor sugere (na verdade, ele é bem explícito) que a crença em seres sobrenaturais não surge entre pessoas esclarecidas, das grandes cidades, e sim entre pessoas simples, de pouca instrução, e geralmente de cidades pequenas.

Bom, já li várias histórias parecidas, de Blavatsky à Wera Krijanowski e outros relatos de folclores, digamos assim. Parecidas, mas não iguais. E não, não é tipo "Crepúsculo", como perguntou um amigo (haha).

Enfim! Quem não tem paciência para linguagem rebuscada, não recomendo. Era uma época em que as pessoas ainda se tratavam por "vós", tinham títulos de nobreza e andavam de carruagens.
Tiveram alguns detalhes que o autor colocou "a mais", digamos assim, que ficaram um tanto quanto sem sentido. A história da luva, por exemplo.

Resumindo, é um livro interessante, embora o final não seja convencional e nem muito macabro - na minha opinião, claro! E o motivo pra tanto drama assim, achei exagerado. Mas que humano não é cheio de exageros?

Classificado como "contos de fadas" em Portugal.


É unicamente na vida retirada, que a alma se abandona a uma confiança, que ainda ninguém pôde iludir: só a frequência e a prática dos homens pode ensinar-nos a temê-los, e a fugir deles!

...
Este dia tão belo, e tão brilhante, 
Desta onda, destes vales a beleza, 
Meus olhos não atraem, nesse instante 
Em que minha alma é só da natureza?... 
Mostra-se-me a ventura vacilante. 
Quando mais a esperava com certeza; 
E perdendo da vida o doce engano, 
Falaz esp'rança e meu algoz tirano. 

Suave sono que conforta a vida. 
Meigo recobro que nos dá alento, 
Em dura se converte acerba lida. 
Em novo, ingrato, mais cruel tormento. 
Rápido foge o tempo, e sem guarida,
Debalde espero um feliz momento. 
Renova-se-me a dor, e na amargura, 
Perco o prazer, a paz, perco a ventura. 

Exânime tentei desventurosa 
Lançar-me na mansão da sepultura; 
Mas uma nova pena tormentosa 
Veio roubar-me à sua sombra escura: 
Eu vivo, e não existo, pois saudosa 
Triste me envolve eterna quadra dura; 
Na fria estância aonde habita a morte 
Não tenho esp'rança de mudar de sorte!

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